Campanha da Fraternidade pretende reeducar e exigir políticas públicas



"As autoridades preferem obras que se enxergam, como os viadutos, aos trabalhos mais difíceis que visam a saúde da população". A análise é do padre Luís Sartorel, integrante da Campanha da Fraternidade (CF) e assessor das pastorais sociais em Fortaleza. Com o tema "Casa comum, nossa responsabilidade", a campanha visa assegurar o direito ao saneamento básico.

O lançamento da campanha acontece em dois momentos na Arquidiocese de Fortaleza. O evento inicia nesta Quarta-feira de Cinzas, 10, na Categral Metropolitana e na quinta, 11, no Centro de Pastoral Maria Mãe da Igreja. Desde 2000, a CF ganha status ecumênico a cada cinco anos.

O tema foi escolhido pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), que promove a CF juntamente à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Neste ano, a entidade epicospal da Alemanha Misereor aderiu a temática.

Sartorel falou ao O POVO Online que o papel da Igreja é trabalhar na organização do povo para exigir um saneamento básico mais eficiente. "Como cristãos e cidadãos, devemos exigir das autoridades políticas públicas que implementem".

No Brasil, mais de 35 milhões de pessoas ainda não têm acesso ao serviço básico, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). No Nordeste, apenas 28,8% do esgoto é tratado.

Aedes aegypti

"A primeira preocupação é chamar atenção sobre a necessidade do cuidado com o espaço em que vivemos, nossa casa comum", continua. O padre Sartorel defende que a falta de saneamento básico é problemático sobretudo nos dias atuais, com o crescimento do Aedes e as doenças que o mosquito provoca.

"É preciso reeducação da população sobre uso e a finalidade do lixo urbano. É uma vergonha o jeito que o lixo é tratado na nossa cidade. Os órgãos públicos têm grande responsabilidade, mas o cidadão que não faz a separação do lixo também".

Em anúncio, o papa Francisco lembrou que a água potável e o esgotamento são importantes para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome. Ainda segundo a autoridade maior da Igreja católica, a superação da mortalidade infantil também é possível com o acesso ao saneamento.

Para o médico infectologista Anastácio de Queiroz, a Capital perde em saneamento. "Nós temos um interceptor oceânico construído nos ans 1970 e a cidade cresceu, assim como a necessidade de tratamento de esgoto. Isso acaba afetando a qualidade de vida".


Redação O POVO Online

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